3 – A ESSÊNCIA DO CULTO NA BÍBLIA
Introdução
· Haverá, em meio às múltiplas maneiras de cultuar, um elemento que seja imprescindível?
· Deuteronômio 6.4-5: O primeiro mandamento exige um amor a Deus, sem limites.
· Sem o incentivo do amor por Deus, o culto mão passa de palha, pura casca, isento de qualquer valor. Pode até se tornar um culto a satanás. Romanos 11.36
· Como havemos de colocar o Senhor no centro de nossas ambições? Os cristãos, reunidos em adoração a Deus, devem ter este objetivo como prioritário.
Culto verdadeiro requer amor de todo o coração
· Para o hebreu, o coração, no sentido metafórico, representava o centro da vida intelectual e espiritual. Associando-se de perto com a alma, o leitor original de Deuteronômio teria pensado em seus sentimentos, suas avaliações, sua vontade, todos emanando do coração.
· Somente um coração inclinado para Deus é capaz de adorá-lo, agradá-lo e amá-lo.
· Tanto no A.T. como no N.T., o amor que há no coração é o alvo da busca de Deus. Ele se dirige ao coração porque ali está a sede do amor.
· Deuteronômio 10.16
· Evidentemente, para amarmos a Deus, precisamos crer que ele se revelou através de palavras por ele inspiradas (II Timóteo 3.16); contudo, sua revelação não se limita à transmissão de conceitos comunicáveis por linguagem humana. Inclui atos que claramente evidenciam seu amor e paciência para com seres que têm negligenciado e ignorado as evidências do seu profundo interesse por eles. Resulta no reconhecimento do testemunho do Espírito Santo de Deus “com o nosso espírito que somos filhos de Deus” (Romanos 8.16)
· Deus procura uma comunhão por meio da experiência verdadeira com cada pessoa que experimentou passar da morte para a vida (João 5.24), pelo sacrifício de Jesus Cristo. O novo adorador começa com um sentimento de obrigação de servir a Deus no culto; vai aprendendo a amá-lo e progride até que todo o seu coração se concentre na beleza da pessoa do Senhor.
· João 14.15-25
· Concluímos que Deus nos quer como seus verdadeiros adoradores, por nos amar profundamente (I João 4.7-16)
A adoração da igreja cumprirá os seus objetivos se:
1. O louvor focalizar sua dignidade, a beleza da sua pessoa e a perfeição do seu caráter. Deve, ainda, convidar todo homem a atribuir glória ao Pai maravilhoso.
2. A confissão do pecado que cometemos externar o reconhecimento da nossa indignidade e declarar nosso arrependimento pela rebelião contra a expressa vontade de Deus. Também, não deixa de ser um estímulo forte de amor, confiar no seu imediato e imerecido perdão.
3. Nossa oração procurar assimilar seus pensamentos; expressar petições de acordo com seus conhecidos desejos. Amor genuíno funde os desejos dos que buscam o Reino e a vontade única de Deus.
4. A mensagem, ouvida ou lida, suscitar pensamentos de gratidão e encorajamento. Serão veículos de transformação de inimigos em amigo que a ele buscarão agradar.
5. A música atrair o coração para a beleza de Deus revelada na criação, na redenção e na regeneração, refletindo assim a harmonia do universo, por ele criado.
· Certamente, reconhecemos que nunca alcançaremos um amor perfeito por Deus, à altura do amor que ele tem por nós, seus filhos.
· João 21.15-19: amor agapas: amor sacrificial decidido; amor philo: amor de amizade e afeição.
Culto verdadeiro requer amor integral da mente
· Mas o primeiro mandamento vai além do amor que deve ocupar todo o nosso coração e alma. Acrescenta ao amor do coração também o exercício da mente, capacidade de pensar e refletir religiosamente.
· Quando prestamos culto genuíno ao Senhor, declaramos nosso desprendimento do mundo. Combatemos a concupiscência da carne, que valoriza o que se vê com os olhos e o que se pode saborear com a língua. A soberba da vida é trocada pela alegria no Senhor (Filipenses 4.4)
· Dois elementos que motivam a participação no culto: 1- para se obter a satisfação de terem se apresentado diante de Deus, e; 2- quando o adorador fala “o culto me faz sentir bem”; é um sentimento sutil de culpa afastada.
· Tais motivações para cultuar são falsas, indignas do Deus que revelou seu amor perdoador na cruz.
· Quem nos convencerá de que Deus busca adoradores? Não podemos adorar sem o auxílio do cooperador divino.
Culto verdadeiro requer todo nosso esforço
· O termo “força” implica em o corpo físico desenvolver sua capacidade, talento e força de ação. Enquanto o “coração” e “entendimento” apontam para a vontade e sentimentos íntimos, “força” comunica o desafio para gastar as energias em atos de amor por Deus.
· Amor, traduzido de uma dominante atitude interna por “toda força” representa gastar a vida e energia unicamente em expressões de lealdade e afeição a Deus.
· Romanos 12.1-2
· Marcos 10.17-31
· Os adoradores que Deus convida para adorá-lo são também convidados a morrer. (II Coríntios 4.8-12)
· Concluímos que é prioritária, no primeiro mandamento, a centralização da essência de toda adoração. O cristão que cultua sem amar pode impressionar bem a seu próximo, mas não engana a Deus.
“Porque aquele que ama a Deus com todo seu coração, não necessita de prescrições para saber quando, onde e quanto ele deve servi-lo, adorá-lo e cultuá-lo. Porque essa união sincera com Deus, em si mesma, juntamente com a prontidão em obedecer e adorar a Deus de modo mais aceitável, o conduz a louvá-lo através de seu ser e a glorifica-lo por meio de todos os seus atos”.
(John Comenius)
Extraído do livro “Adoração Bíblica” do Dr. Russell P. Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1993, págs 22- 30.