6 – A PRÁTICA DA ADORAÇÃO –
parte 2
O Cântico
no Novo Testamento
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Surpreendentemente encontramos poucas
referências ao cântico no N. T.
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Mt 26.30; Mc 14.26; At 16.25
Salmos, Hinos e Cânticos
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"Cânticos espirituais" (Cl 3.16),
surgiram, provavelmente, por inspiração imediata do Espírito Santo.
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No Apocalipse, várias referências aos
cânticos dos adoradores celestiais revelam características de exultação e
júbilo na contemplação da vitória retumbante de Deus e Seu Filho sobre todas as
forças do maligno (5.9, 10; 14.3; 15.3, 4).
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Os "salmos" (Cl 3.16) provavelmente
são os mesmos do A. T., amados por nós e lidos. Nas sinagogas, os judeus
cantavam salmos, como também os essênios do Mar Morto. em nossos cultos.
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Os "hinos" (humnoi) também,
provavelmente, referem-se aos hinos de louvor a Deus e a Cristo, compostos
espontaneamente por cristãos, ou em outras horas.
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Estas três palavras, "salmos, hinos e
cânticos" (Cl 3.16), tomadas juntas, descrevem de modo global o âmbito da
adoração expressa pela música e estimulada pelo Espírito. O termo
"espirituais" refere-se a todas as formas de expressão de louvor
contidas nos três termos, ainda que não possamos precisar as formas exatas da
expressão musical
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Não devemos deixar passar despercebido que
mesmo que a igreja louve ao Senhor por meio da música cantada, ela estará
igualmente, "instruindo e aconselhando" (gr. nouthetountes,
"advertindo") uns aos outros por meio de tais expressões musicais. A
Deus são oferecidos louvor e gratidão; aos membros da congregação estimula-se o
encorajamento.
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Muito tem sido publicado sobre hinos e
cânticos compostos nas igrejas e citados pelos escritores do N. T.. Há muitos
hinos chamados "sacramentais", entre os quais o mais bem atestado
seria Ef 5.14. Reflete o significado da ordenança simbolizando morte e
ressurreição, seguidas pela iluminação da instrução de Cristo na igreja.
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Em segundo lugar, há meditações que empregam
linguagem de retórica, e tratam de temas teológicos profundos como, por
exemplo, Ef 1.3-14; Rm 8.31-39 e I Co 13.49 Não parece
provável que estes textos tenham sido cantados como hinos ou versos decorados
por todos os participantes, mas sua estrutura poética e lírica sugere a
importância que devem ter tido na expressão de adoração no período do N. T.
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Em terceiro lugar, podemos notar os hinos
confessionais, como Paulo citou em 2 Tm 2.11-13. Este foi composto de quatro
séries de linhas duplas sobre o tema do batismo e martírio. O ritmo nos
versículos 15 e 16 faz-se notável no original. Neste hino, novamente o elemento
de exortação se destaca encorajando o perseguido cristão a contemplar o
galardão oferecido e garantido a todos os que perseveram.
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Um quarto tipo de cânticos são os
cristológicos. Nenhum sobressai com mais relevo do que 1 Tm 3.16, introduzido
com a frase: "Grande é o mistério da piedade". Este "coro"
ou "corinho" de apenas seis linhas contém o cerne da verdade cristã
acerca de Jesus Cristo, que foi revelado (encarnado) na carne, mas justificado
no Espírito.
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Não devemos concluir que o canto é uma
atribuição apenas de coristas e cantores talentosos que, após muitos ensaios,
apresentam melodias harmoniosas e complicadas. A questão não é de o adorador
"ter uma voz", mas de "ter um cântico". Os crentes
contemporâneos de Paulo, que encheram as casas para adorar ao Senhor, tinham um
cântico que o Espírito lhes dera
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Sugerimos que a proclamação "em grande
voz" de "milhões de milhões" de anjos, "Digno é o Cordeiro,
que foi morto, de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e força, e honra, e
glória, e louvor" (Ap 5.12), tinha seu eco de entusiasmo nas reuniões das
igrejas locais em toda a Ásia. Hoje não é diferente. Milhares de jovens
brasileiros participam calorosamente do canto deste "corinho". Apesar
de hoje serem diferentes o ritmo e a melodia que acompanham esta expressão de
louvor, o resultado final deve ser semelhante ao do primeiro século. Música que
emana da alma e expressa as profundas emoções espirituais, como também os
anseios do coração, é uma oferta digna da adoração em verdade.
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No Antigo Testamento, a expressão musical
muitas vezes acompanhava a oferta de sacrifícios. "No seu tabernáculo
oferecerei sacrifício de júbilo; cantarei e salmodiarei ao Senhor" (Sl
27.6b). Ainda que hoje não queimemos holocaustos, nem degolemos cordeiros para
ofertar, nosso louvor deve aumentar à proporção que Jesus Cristo, "nosso
Cordeiro pascal" imolado por nos, se torna, para nós, mais valioso do que
um animal mudo. Antes de Jesus Cristo, o judeu entregava à morte um bode ou
bezerro, para fazer propiciação pelo seu pecado. Hoje, confiando no perfeito
sacrifício do nosso Sumo Sacerdote-vítima, devemos oferecer "sempre
sacrifício de louvor, que é fruto de lábios que confessam o seu nome" (Hb
13.15).
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A música envolve os sentidos, o corpo e a
criatividade dos adoradores. Stephen Winwar falou: “Tanto em revelação como em
resposta, a adoração deve envolver toda a personalidade do homem, o corpo e os
sentidos, pensamentos e palavras, movimento e ação, como também o ouvir e o
entender".
Justamente
no entusiasmo do cântico e do sacrifício de louvor é que os adoradores podem
expressar "com todo seu coração" (Ef 5.19) o que sentem para com o
Remidor de suas almas.
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A música harmoniosa deve desafiar a
congregação que canta a "esforçar-se diligentemente por preservar a
unidade do Espírito" (Ef 4.3). A harmonia musical atrai porque as
vibrações sonoras não entram em choques contraditórios, mas se complementam e
despertam nossa admiração. As leis que regem a combinação dos tons e compasso
do ritmo fornecem uma figura de complementação na diversidade
dos membros da igreja que se unem em adoração (1 Co 12.13-26).
A Adoração e os Dons
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Passando da descrição de adoração em Atos
para Romanos e 1 Coríntios, descobrimos que o exercício dos dons do Espírito
deve ser encarado como uma expressão de culto a Deus. Somente no caso dos dons
serem motivados por amor genuíno pelos irmãos e por Deus é que
podemos encaixá-los no quadro de um culto genuíno, "em Espírito e em
verdade".
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A significação dos cultos nos quais a
congregação se reunia alcançou relevância particular na concentração de vozes
louvando e ensinando juntas, com corações sedentos, aprendendo e aplicando a
Palavra.
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Edificação seria um dos termos chaves em 1
Coríntios 14 vv.3, 4, 5, 12, 17, 26), onde o apóstolo avalia os dons de
profecia e línguas.
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Creio que podemos confiar que o ensinamento
inspirado acerca dos dons foi-nos dado para continuamente rebuscar a verdadeira
adoração que agrada a Deus. Como Pai, Deus valoriza a contribuição de todos os
Seus filhos, não apenas a do pastor titular. Por isso, "ser membros uns
dos outros" (Rm 12.5) envolve o serviço a Deus, com os irmãos servindo-se
mutuamente. O culto racional (logikēn, "espiritual, genuíno,
verdadeiro") agrada a Deus (Rm 12.1), porque corresponde à figura do corpo
humano cheio de saúde e vigor.
Extraído do
livro “Adoração Bíblica” do Dr. Russell P. Shedd. São Paulo: Vida Nova, 1993,
págs 67- 104.