3 – SERVIÇO X ESTRELATO
SERVOS OU ESTRELAS?
- Conquanto que seja óbvio que Rita precisa crescer na área do serviço cristão, pode não ser tão óbvio que haja um pouquinho de Rita em todos nós
- Nós artistas, às vezes, somos muito egoístas e nos isolamos em nós mesmos
- Nossa sociedade tem a tendência de colocar num pedestal qualquer pessoa que tenha talento, porém o serviço cristão é uma noção de contracultura; vai contra a natureza humana
- Alguém certa vez perguntou a Leonard Bernstein qual era o instrumento mais difícil de tocar numa orquestra. O maestro pensou por um segundo e respondeu, “segundo violino”
BARREIRAS PARA UM SERVIÇO CRISTÃO VERDADEIRO
“Portanto, que todos nos considerem como servos (ministros) de Cristo e encarregados dos mistérios de Deus” (I Coríntios 4.1)
- Os membros de nossas igrejas nos vêem como ministros ou como animadores?
1. Uma atitude de superioridade
- Podemos comunicar uma atitude de superioridade de muitas maneiras, no modo como tratamos os outros
- As ações falam mais que palavras
- Por trás dessa atitude de superioridade está o orgulho mal-orientado. Orgulho é um desejo oculto de ser exaltado
“Contudo, quem se gloriar, glorie-se no Senhor” (I Coríntios 10.17)
- A ostentação é o modo que algumas pessoas encontram para lidar com a insegurança. Muitos artistas são inseguros
- Segundas intenções egoístas
“O coração é mais enganoso que qualquer outra coisa e sua doença é incurável. Quem é capaz de compreendê-lo?” (Jeremias 17.9)
- Podemos pensar que estamos servindo a Deus, mas na verdade estamos servindo a nós mesmos. Às vezes, lá no íntimo, nossa real motivação é a de recebermos atenção e sermos notados
- Isso acontece quando falamos de nossas realizações a fim de provar que somos capazes. O que está nos dirigindo nesses momentos são segundas intenções egoístas
- Confiança somente em nosso dom
“Pois nós é que somos a circuncisão, nós que adoramos pelo Espírito de Deus, que nos gloriamos em Cristo Jesus e não temos confiança alguma na carne, embora eu mesmo tivesse razões para ter tal confiança” (Filipenses 3.3-4)
- Uma das coisas que nos impede de experimentarmos a bênção completa de Deus em nossas vidas é a nossa auto-suficiência
- Quando artistas têm mais confiança em seus dons que no Senhor, deixam o palco mais preocupados com a impressão que causaram ou o som que produziram do que se Deus os usou. Estão mais interessados na técnica que na substância
O EXEMPLO DE SERVIÇO DE CRISTO
- Jesus, é claro, é nosso exemplo supremo de serviço
“Pois nem mesmo o Filho do Homem veio para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate de muitos” (Marcos 10.45)
- O modelo de serviço de Jesus foi uma ruptura radical com os deuses greco-romanos egoístas que o precederam, e contra todo o tipo de liderança na história humana, na qual os líderes sempre governaram por meio da dominação
- Por certo Jesus seria um artista servo
O ARTISTA HUMILDE
- Humildade significa mover-se do egoísmo para a doação a Deus. Não é diminuir-se ou deixar que as pessoas pisem em você
“...Ninguém tenha de si mesmo um conceito mais elevado do que deve ter; mas ao contrário, tenha um conceito equilibrado, de acordo com a medida de fé que Deus lhe concedeu” (Romanos 12.3)
- Milhares de humanos têm sido levados a pensar que a humildade significa garotas bonitas tentando crer que são feias e homens inteligentes tentando crer que são tolos
- Precisamos entender que não somos mais nem menos do que na verdade somos
- Humilhe-se diante de Deus
“...Pois quem se exalta será humilhado, e quem se humilha será exaltado” (Lucas 18.14)
- É imperativo que nos humilhemos diante dele, porque sem ele nada podemos fazer (João 15.4-5)
- Lembre-se que o seu talento vem de Deus. Se você e eu realizamos alguma coisa artisticamente, isto é por causa de um dom ou talento que veio de Deus em primeiro lugar
- A pessoa humilde diz: “Veja o que Deus fez através de mim”
- Humilhe-se diante dos outros
“...Sejam todos humildes uns para com os outros, porque Deus se opõe aos orgulhosos, mas concede graça aos humildes” (I Pedro 5.5)
- Devemos abandonar qualquer pensamento de superioridade que nos faça pensar que merecemos tratamento especial
- Às vezes no processo de utilizarmos nossos talentos, nós artistas sentimos que somos mais do que deveríamos
- Há pessoas que desfilam um monte de clichês na tentativa de soarem espirituais: “Não fui eu na verdade ali, apenas abro a minha boca e a partir desse momento ele assume o controle”
- Há então pessoas que não sabem como responder ao elogio sem diminuir-se: “Sou apenas um verme pecaminoso ocupando este espaço, até que Deus encontre alguém melhor para fazer o trabalho”
- Às vezes a melhor resposta é um simples e humilde “obrigado”
“...Somos servos inúteis, apenas cumprimos o nosso dever” (Lucas 17.10)
- Não há problema em termos prazer quando agradamos a Deus com o nosso talento
“Não fale desse modo comigo. Você vê apenas um homem a quem Deus deu talento e um bom coração” (Joseph Haydn)
- Morra para o seu desejo de ser o melhor
“Orgulho não tem prazer em ter algo, apenas em ter mais que o homem ao lado” (C. S. Lewis)
- Para muitos de nós, não basta ser talentosos. Queremos ser os mais talentosos
- Ao invés de sermos os melhores que podemos ser, queremos ser os melhores que existem ou que já existiram
“É necessário que ele cresça e que eu diminua” (João 3.30)
- Quando você e eu morrermos para a necessidade de sermos notados, atenderemos à uma necessidade ainda maior: a necessidade de significado aos olhos de Deus
O ARTISTA SERVO
- Servir aos outros edifica o caráter
“Nada disciplina os desejos desordenados da carne como o serviço, e nada transforma os desejos da carne do que servir em oculto” (Richard Foster)
- Como fazemos isso?
- Concentre-se nas pessoas
- Concentre-se em ministrar às pessoas, ao contrário de agradar a si mesmo artisticamente
“Cada um exerça o dom que recebeu para servir os outros...” (I Pedro 4.10)
- Nós artistas gastamos tanto tempo com técnica e estilo que frequentemente perdemos de vistas as pessoas que estamos tentando alcançar
- Devemos vir a uma reunião, a um ensaio ou a um culto prontos e dispostos a servir
- Lembre-se de que a mensagem é mais importante
“Minha mensagem e minha pregação não consistiram de palavras persuasivas de sabedoria, mas consistiram de demonstração do poder do Espírito, para que a fé que vocês têm não se baseasse na sabedora humana, mas no poder de Deus” (I Coríntios 2.4-5)
- O propósito do meu ministério não é o de impressionar as pessoas com a minha arte, mas é o de demonstrar o poder e o amor de Deus
- Às vezes uma performance mais simples e despojada serve melhor à comunicação da mensagem
- Os instrumentistas não devem competir com vocalistas
- Examine sua motivação
“Busquem, pois, em primeiro lugar o reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas” (Mateus 6.33)
- Jesus nos disse para que buscássemos primeiro o reino de Deus, não o reino do eu ou o reino da arte
- Ao liderarmos a adoração, estamos todos no apoio. Jesus Cristo está no centro do palco, não nós
- Morra para o egoísmo
“Nada façam por ambição egoísta ou por vaidade, mas humildemente considerem os outros superiores a si mesmos. Cada um cuide, não somente dos seus interesses, mas também dos interesses dos outros” (Filipenses 2.3-4)
- Isso é tão difícil para artistas porque nos preocupamos muito conosco
- Lembre-se que o ministério é um privilégio
“Se alguém se purificar dessas coisas, será vaso para honra, santificado, útil para o Senhor e preparado para toda boa obra” (II Timóteo 2.21)
- Servir a Deus é um modo de honrá-lo. É nosso sacrifício de louvor
- Ser usado por Deus de qualquer forma é extremamente recompensador
A DIFERENÇA ENTRE SER UM COLABORADOR E SER CHAMADO POR DEUS
“O lugar para o qual Deus o chama é o lugar onde se encontra sua profunda alegria e a mais profunda fome do mundo” (Frederick Buechner)
- Voluntários vêem seu envolvimento na igreja como serviço comunitário, mas pessoas chamadas por Deus vêem isto como ministério
- Voluntários queixam-se do quanto vai custar servir, mas pessoas que são chamadas estão comprometidas com o serviço
- Voluntários recuam quando trata-se de resolver conflitos de relacionamento, mas pessoas chamadas por Deus buscam resolver esses conflitos em nome da unidade da igreja
- Voluntários encaram ensaios como outro compromisso que são obrigados a cumprir, mas pessoas chamadas por Deus aguardam pelo ensaio como outra oportunidade de serem usadas por Deus
- Voluntários não fazem preparações ou ensaios extras, mas pessoas que são chamadas por Deus vêm aos ensaios e apresentações o mais preparadas possível
- Voluntários não estão abertos a críticas construtivas, adotando uma postura de defesa diante delas
- Voluntários sentem-se ameaçadas pelo talento de outros, mas pessoas chamadas por Deus o louvam por distribuir dons e talentos conforme sua vontade
- Voluntários querem desistir ao primeiro sinal de adversidade ou desânimo, mas pessoas chamadas por Deus cavam trincheiras e perseveram
- Voluntários encontram sua principal fonte de realização em seus talentos e habilidades, mas pessoas chamadas por Deus sabem que ser usado por ele é a experiência mais recompensadora que você pode ter em sua vida
- Voluntários não conseguem lidar com situações nas quais serão pressionados, mas pessoas chamadas por Deus respondem ao seu chamado com uma humilde dependência dele
LIMITES SAUDÁVEIS
- Você pode gastar tanto tempo na igreja e negligenciar sua família, sua saúde, e até mesmo seu relacionamento com o Senhor
- Se todos nós pudéssemos trabalhar no estabelecimento de limites saudáveis, líderes não precisariam adivinhar ou forçar nada, e artistas sentiriam liberdade para dizer sim ou não
“Prestem culto ao Senhor com alegria; entrem em sua presença com cânticos alegres” (Salmo 100.2)
- Limites saudáveis são uma necessidade extrema se formos servir ao Senhor com alegria e contentamento
SERVIR A UMA PLATÉIA DE UM
“Pois preferiram a aprovação dos homens do que a aprovação de Deus” (João 12.43)
- Servimos a uma “platéia de um” quando o tamanho de sua platéia não mais importa, e quando o tamanho do papel que você desempenha é menos importante que ser fiel e obediente
“Tensões e ansiedades ardem dentro de mim no momento em que esqueço de que estou vivendo minha vida para a platéia de um homem que é Cristo e ela escapa para a auto-afirmação num mundo competitivo. Antes, minha principal motivação na vida era fazer um quadro de mim mesmo, cheio de cores brilhantes e insights profundos. Agora, no entanto, descobri que meu papel é ser um espelho, que reflita com brilho a imagem de deus através de mim. Ou talvez a metáfora do virtual servisse melhor, pois, afinal, Deus irá resplandecer através de minha personalidade e de meu corpo” (Philip Yancey)
- Muitos relutam em ser servos quando têm que trabalhar na obscuridade, porém não trabalhamos em oculto quando trabalhamos para Deus. Ele vê, ele nota e irá recompensar
“Tudo o que fizerem, façam de todo o coração, como para o Senhor, e não para os homens” (Colossenses 3.23)
Tirado do livro “O Coração do Artista: Construindo o caráter do artista cristão” de Rory Noland. São Paulo: W4 Editora, 2007, págs 43- 65.
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